A forma como olhamos para a vida é uma sequência de meios copos. Copos meio cheios alternados com copos meio vazios.Algures no meio desta alternâncias vamos definindo a nossa felicidade, felicidade essa que depende da nossa capacidade de ver o meio copo meio cheio, ou de tentar não ver o copo meio vazio.Quando desejamos algo em demasia, a vida nesse momento assemelha-se a um copo meio vazio. Quando não esperamos ou não exigimos muito, o que se nos depara pelo caminho é antes um copo meio cheio. Poucos são os que olham para o seu copo com a capacidade de o ver cheio.A esperança ou a ambição, apesar de diferentes, levam-nos a procurar a metade que falta encher. Não há nisso nada de mal, desde que não nos esqueçamos que a metade existente deve ser aproveitada, gozada e vivida.Se nos dermos ao trabalho de olhar para a metade do copo existente, poderemos talvez descobrir que essa água é afinal um enorme oceano, uma mar de vida que se nos dermos ao trabalho de mergulhar nele não teremos mãos a medir com tudo o que aí há para ser vivido.Essa metade pode ser uma família que se preocupa connosco, o apoio dos amigos, a companhia da pessoa amada, ou apenas um sorriso de alguém simples que passou por nós e que nos faz lembrar que vale a pena viver.Mas apesar disso, a maioria preocupa-se mais em procurar a metade que falta do que aproveitar a metade que tem. Mesmo não sabendo bem o que procurar. Em alguns casos essa outra metade é como se fosse a água duma miragem no deserto, que está sempre à vista e que, por mais quilómetros que palmilhemos, nunca conseguimos alcançá-la.Podemos partir e percorrer o mundo inteiro à procura da metade do copo que falta encher, mas depois de partir e trotar o mundo à procura dessa água rara e esquiva, podemos descobrir que essa água poderia ser encontrada tanto no fim do mundo como naquela fonte que sempre correu ao lado da nossa casa, na aldeia onde nascemos.Mas, para chegar a essa conclusão, é necessário ter primeiro bebido muita água, de muitas fontes, de muitos lugares.Talvez não seja obrigatório parar, deixar de correr atrás da metade em falta, mas não devemos ignorar o meio copo que já temos. Sentem-se e bebam em grandes tragos o vosso meio copo, e talvez descubram que essa metade estará sempre lá, como uma cornucópia da abundância que nunca se esgota. Essa metade tem a água suficiente para matar a sede até ao fim dos nossos dias independentemente de nos parecer meio cheio ou meio vazio.A metade que falta, em alguns casos, pode ser apenas um engodo da nossa ambição que não nos deixa descansar para gozar a vida.O que existe no mundo afinal são copos de muitos tamanhos porque a água que temos é sempre a mesma para todos, e o segredo para encontrar a felicidade e ter tempo para gozar a vida passa por não querer ter copos demasiado grandes.Para se ser feliz talvez seja necessário apenas diminuir ligeiramente o tamanho do copo das nossas expectativas.
31 agosto 2008
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2 comentários:
adoro pensar desse jeito concordo plenamente com suas postagens
engraçado....estava a iniciar a minha auto biografia para o meu processo de rvcc 12º ano ,e iniciel com a frase copo meio cheio ou meio vazio ,relacionando isto com a minha vida......e ca esta .
mui bom ,esta tua reflexao
cumprimentos
antonio
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