21 dezembro 2007

O Natal

















Poema de Natal

Para isso fomos feitos:Para lembrar e ser lembrados

Para chorar e fazer chorar

Para enterrar os nossos mortos — Por isso temos braços longos para os adeuses

Mãos para colher o que foi dado

Dedos para cavar a terra.

Assim será nossa vida:Uma tarde sempre a esquecer

Uma estrela a se apagar na treva

Um caminho entre dois túmulos —Por isso precisamos velar

Falar baixo, pisar leve, ver

A noite dormir em silêncio.

Não há muito o que dizer:Uma canção sobre um berço

Um verso, talvez de amor

Uma prece por quem se vai —Mas que essa hora não esqueça

E por ela os nossos corações

Se deixem, graves e simples.

Pois para isso fomos feitos:Para a esperança no milagre

Para a participação da poesia

Para ver a face da morte —De repente nunca mais esperaremos...

Hoje a noite é jovem; da morte, apenas

Nascemos, imensamente.
(Vinicius de Moraes)

02 maio 2007

A Maior Solidão.....

A maior solidão é a do ser que não ama.
A maior solidão é a dor do ser que se ausenta,
que se defende, que se fecha,
que se recusa a participar da vida humana.
A maior solidão é a do homem encerrado em si mesmo, no absoluto de si mesmo,o que não dá a quem pede o que ele pode dar de amor, de amizade, de socorro.

O maior solitário é o que tem medo de amar, o que tem medo de ferir e ferir-se,o ser casto da mulher, do amigo, do povo, do mundo.

Esse queima como uma lâmpada triste, cujo reflexo entristece também tudo em torno.

Ele é a angústia do mundo que o reflete. Ele é o que se recusa às verdadeiras fontes de emoção, as que são o patrimônio de todos,e, encerrado em seu duro privilégio, semeia pedras do alto de sua fria e desolada torre.

(Vinicius de Moraes)

15 abril 2007

A vida passa....


Vem sentar-te comigo, Lídia, à beira do rio.
Sossegadamente fitemos o seu curso e aprendamos
Que a vida passa, e não estamos de mãos enlaçadas.
(Enlaçemos as mãos).

Depois pensemos, crianças adultas, que a vida
Passa e não fica, nada deixa e nunca regressa,
Vai para um mar muito longe, para o pé do Fado,
Mais longe que os deuses.
Desenlacemos as mãos, porque não vale a pena cansarmo-nos.
Quer gozemos, quer não gozemos, passamos como o rio.
Mais vale saber passar silenciosamente.
E sem desassossegos grandes.

(Fernando Pessoa)

20 março 2007

Eu Aprendi....


Eu aprendi......
que ter uma criança adormecida nos braços é um dos momentos mais pacíficos do mundo;

Eu aprendi......
que ser gentil é mais importante do que estar certo;

Eu aprendi......
que eu sempre posso fazer uma prece por alguém quando não tenho a força para ajudá-lo de alguma outra forma;

Eu aprendi......
que não importa quanta seriedade a vida exija de cada pessoa, cada um de nós precisa de um amigo brincalhão para se divertir junto;

Eu aprendi......
que algumas vezes tudo o que precisamos é de uma mão para segurar e um coração para nos entender;

Eu aprendi......
que os passeios simples com meu pai em volta do quarteirão nas noites de verão quando eu era criança fizeram maravilhas para mim quando me tornei adulto;

Eu aprendi......
que deveríamos ser gratos a Deus por não nos dar tudo que lhe pedimos;

Eu aprendi......
que dinheiro não compra "classe";

Eu aprendi......
que são os pequenos acontecimentos diários que tornam a vida espetacular;

Eu aprendi......
que debaixo da "casca grossa" existe uma pessoa que deseja ser apreciada, compreendida e amada;

Eu aprendi......
que Deus não fez tudo num só dia; o que me faz pensar que eu possa?

Eu aprendi......
que ignorar os factos não os altera;

Eu aprendi......
que o AMOR, e não o TEMPO, é que cura todas as feridas;

Eu aprendi......
que a maneira mais fácil para eu crescer como pessoa é me aproxmar de pessoas mais inteligente do que eu;

Eu aprendi......
que cada pessoa que se conhece deve ser saudada com um sorriso;

Eu aprendi......
que ninguém é perfeito até que nos apaixonamos por essa pessoa;

Eu aprendi......
que a vida é dura, mas eu sou mais ainda;

Eu aprendi......
que as oportunidades nunca são perdidas; alguém vai aproveitar as que você perdeu.

Eu aprendi......
que quando o porto se torna amargo a felicidade vai aportar em outro lugar;

Eu aprendi......
que devemos sempre ter palavras doces e gentis pois amanhã talvez tenhamos que engoli-las;

Eu aprendi......
que um sorriso é a maneira mais barata de melhorar sua aparência;

Eu aprendi......
que não posso escolher como me sinto, mas posso escolher o que fazer a respeito;

Eu aprendi......
que todos querem viver no topo da montanha, mas toda felicidade e crescimento ocorre quando estamos a subi-la;

Eu aprendi......
que só se deve dar conselho em duas ocasiões: quando é pedido ou quando é caso de vida ou morte;

Eu aprendi......
que quanto menos tempo tenho, mais coisas consigo fazer.
(
William Shaskespeare)

13 março 2007

Como ser Feliz.....?


Durante os últimos dias, e por diversas razões, tenho tido a necessidade de reflectir sobre a felicidade. A sua importância, a dependência que temos dela e principalmente o que ela significa para cada pessoa.
Aqui fica a minha opinião sobre a felicidade.
Para mim a felicidade é a sensação de bem-estar que se tem quando todos os desejos são satisfeitos e já não há mais nada que desejar. É um estado que nunca poderá ser realizado no tempo presente, porque o Homem em todos os momentos da sua história leva em si uma sede infinita de bem-estar que nenhuma experiência pode satisfazer: no próprio momento em que goza, tem consciência de que esta alegria é insuficiente, quando mais não seja porque sabe que acabará!
Cada vez mais sinto que a minha verdadeira felicidade passa pela felicidade do próximo. Só há mesmo uma felicidade no mundo: a felicidade dos outros.
E por isso me sinto muito agradecido a todos aqueles que me tem ajudado a ser feliz.
O problema é que se desejassemos apenas ser feliz, seria fácil, mas acontecesse que muitas vezes, queremos ser mais felizes que os outros!
E isso não nos deixa ser felizes.....

07 março 2007

A Impaciência e o Sentido de Posse....

Um dos grandes problemas dos Homens é a impaciência, que não é mais do que um sinal de falta de controlo. Se temos pouco tempo não é preciso que nos mostremos impacientes. A tensão só gera incomodidade, ansiedade e perturbação.
Alguém me dizia que é curioso observar a facilidade como fazemos exigências às pessoas que nos rodeiam, especialmente às pessoas com quem temos mais confiança e gostamos. Quando queremos que alguém faça alguma coisa, em vez de lhe darmos ânimo para que se sinta bem e lhe apeteça fazê-lo, exigimos-lo pela via da imposição, não da motivação. Mas quando nos exigem, relegam-nos para uma atitude passiva e submissa que provoca insatisfação. Se a exigência se torna constante a pessoa tenta alivar a tensão, e em vez de fazer o que lhe pedimos ela tenta afastar-se da pessoa que lhe causa mal estar.
Nos casos em que a relação é mais forte, casal, namorados, pais-filhos e amigos, quando se sente que a outra pessoa parece que já não lhe liga tanto ou não lhe presta toda atenção que desejava, facilmente se considera o direito de exigir a conduta que lhe produziria maior tranquilidade, ou sente necessidade de o fazer ainda que se dê conta de que a sua atitude pode ser contraproducente. A partir desse momento, atira à cara da outra pessoa a sua falta de atenção, a mudança de atitude, o facto de não ser cuidadosa, não estar atenta aos pormenores... de tal forma que as situações de tensão começam a incrementar-se, conseguindo o efeito contrário.
A pessoa pressionada vive desconfortável, pois essa situação a faz sentir-se forçada ou culpada. Quando esse sentimento de mal-estar se prolonga, entre outras coisas porque continuam a pressionar, chega um momento em que se desenvolve estratégias para se evitar estar com aquele que me produz conflito e pressão. Quem se sente pressionado apetecer-lhe-á cada vez menos ver a pessoa que lhe exige uma conduta que não lhe é espontânea. O resultado final é que se continuarmos a exigir, talvez algumas vezes obtenhamos o que queremos, mas a longo prazo essa exigência voltar-se-ão contra quem pressiona.
Quem sente que outro se afasta cada vez mais, deve agir com inteligência, em vez de exigir, reforçará e animará, de modo a levar a outra pessoa a que se sinta confortável, cómoda, com forças e motivada.... e assim de certeza que a outra pessoa lhe vai apetecer voltar a estarem junto.
A impaciência será sempre uma barreira na comunicação, as pressas um impedimento, a calma uma ajuda, a empatia um fim (Àlava Reyes)
Pascal afirmava que "O prazer dos grandes homens consiste em fazer outros felizes". Mas só aprendemos a amar não quando encontramos a pessoa perfeita, mas quando conseguimos ver de maneira perfeita uma pessoa imperfeita.

06 março 2007

Porque Estás Triste?

A cara é o nosso principal delator, mas também é a mais rica fonte de informação. Sem darmos conta, o nosso rosto transmite uma série de sinais que reflectem as nossas emoções.
Mesmo quando queremos esconder dos outros o nosso estado emocional, se temos ao nosso lado uma criança, olhará para nós de uma maneira interrogativa e talves nos pergunte: O que tens? Estás triste? Podemos enganar os adultos e aparentar alegria ou bom humor no meio da tristeza ou desânimo, mas "mentir" a uma criança é quase uma missão impossivel... e eu que o diga, pois hoje de manhã o meu filho mais novo fez-me a pergunta que eu não queria!

05 março 2007

A Verdade do Amor....!

Hoje, em especial, lembrei-me de um texto que li há dias num blog. Era um texto desafiador (até o gravei) e pus-me a reflectir sobre ele, cruzando com a cena de um filme que vi na semana passada em que a personagem perguntava-se porque razão as pessoas procuravam sempre ser amadas, se muitas das vezes acabam por sofrer já que o amor não é fácil... chegando à conclusão que é normal sentir-se necessidade de se sentir amado, que gostem de nós, pois faz-nos sentir vivos e esquecer tudo o resto, e que supera largamente todo o medo de haver possibilidade de se ficar ferido no final.
Transcrevo, em seguida, o tal texto que estava a falar anteriormente:
"Devia existir um manual de instruções para acabar relações. A verdade é que sabemos sempre começá-las, agarramo-nos aos inícios com a sabedoria dos mágicos, operámos transformações milagrosas em nós próprios e no objecto do nosso amor, de repente tudo nos é fácil e grato, sentimo-nos com asas como albatrozes, nas nossas costas cresce uma capa encarnada e carregamos no peito o símbolo do Super Homem, tudo é óbvio e santo visto assim, "o mundo não é um mundo é um jardim", como diz Florbela Espanca.Não há nada melhor do que começar uma relação. O novo é irresistível. Descobrem-se coincidências que vão desde o mesmo nome dado ao irmão imaginário até à mesma colecção de cromos. É a primeira vez outra vez em tudo. Descobrimos o outro em nós e nós no outro. Descobrimos que afinal gostamos de futebol e sabemos cozinhar e até uma visita ao Mosteiro de Alcobaça para ver o túmulo de Pedro e Inês de Castro é muito romântico, porque foram criaturas que morreram de amor.No inicio de todos os inícios sentimo-nos tão estupidamente felizes que seríamos capazes de morrer a seguir, porque achamos que atingimos o ponto máximo possível da felicidade.O pior vem a seguir. Como dizia o Picasso "bom mesmo é o início porque a seguir começa logo o fim". E quando o fim chega já é tarde demais para voltar atrás. É sempre tarde demais, porque isto do amor é mesmo uma coisa complicada, começa-se do nada, vive-se na ilusão que se tem tudo, mas o que fica quando o amor acaba é um nada ainda maior. E o pior, o pior é que na primeira oportunidade repetem-se os mesmos erros à espera de resultados diferentes, o que é uma boa definição de demência. E quem se considere imune a tais disparates e nunca tenha passado por estas avarias sentimentais, que atire a primeira pedra.O Miguel Sousa Tavares escreveu "primeiro parece fácil, é o coração que arrasta a cabeça, a vontade de ser feliz que cala as dúvidas e os medos. Mas depois é a cabeça que trava o coração, as pequenas coisas que parecem derrotar as grandes, um sufoco inexplicável que aparece onde antes estava a intimidade." E pronto, já está tudo estragado. Acaba-se a festa, o delírio, o fogo de artifício, o sabor da novidade e onde vamos parar? Ao vazio. Ao abismo. Ao grande buraco negro dessa coisa horrível e inevitável que se chama depois, depois de se apagar a chama. É esta a condição humana, doa a quem doer.Ou então, a ironia da vida separa os amantes para sempre e o fim do amor é o início do mito do amor eterno. Pedro e Inês foram sepultados de frente um para o outro, para que se pudessem ver, caso regressassem ao mundo. Romeu e Julieta nunca mais se separaram no imaginário Ocidental. Dante viveu para sempre ao lado de Beatriz, a Penélope recuperou o seu guerreiro depois de 20 anos de espera.O amor esse mistério que antecede a vida e sobrevive à morte, reina como um tirano por cima de todas as coisas, mas poucos são os que o conseguem agarrar. É mais difícil de alcançar do que o Olimpo, porque não está nem no céu nem na terra, paira como uma substância invisível, mais leve que o ar, mais profundo que toda a água dos oceanos. Talvez seja apenas uma invenção dos homens para fugir à morte. Ou talvez tenha outro nome na bioquímica. Mas não podemos viver sem ele e quando o perdemos achamos que nunca mais o vamos conseguir encontrar."
(Margarida Rebelo Pinto in Jornal de Noticias)

A verdade é quando o Homem falsifica o Amor, lastima-se de que o amor o tivesse enganado. Mas o que muitas vezes nos acontece é que nos esquecemos de que amar não é procurar o nosso bem, mas é querer bem os outros! Não há amor sem verdade; a verdade faz, algumas vezes, brechas, a mentira faz sempre ruínas…

04 março 2007

A criança e o doce.....

Imaginem uma criança que pedia constantemente que lhe dessem um doce. Andava dias e dias a pensar naquilo. Era algo que desejava imenso.Um dia dão-lhe o tal doce. Mas tiram-lhe o doce ao fim de 2 minutos. Coitada da criança: a desejar isso durante imenso tempo e depois vai sofrer essa dor (que é realmente um sofrimento) de lhe ser retirado o que sonhou.
O mesmo se passa muitas vezes connosco.Durante muito tempo andamos a sonhar com uma determinada situação. Finalmente a situação torna-se real, possível. Mas muitas vezes não é fácil porque teremos de ultrapassar algumas dificuldades para a conseguir. Mas, como é algo que queremos muito, estamos dispostos a passar por tudo isso. E nestas coisas por vezes somos mesmo determinados!No entanto, não será como queríamos e desejávamos. Vai ser quase como nos darem o que desejo e retirarem-mo logo a seguir. E sei que nessa altura me vai custar imenso! (ptx)

19 fevereiro 2007

Mudam-se os nossos....


Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,

Muda-se o ser, muda-se a confiança;

Todo o mundo é composto de mudança,

Tomando sempre novas qualidades.

Continuamente vemos novidades,

Diferentes em tudo da esperança;

Do mal ficam as mágoas na lembrança,

E do bem, se algum houve, as saudades.

O tempo cobre o chão de verde manto,

Que já coberto foi de neve fria,

E em mim converte em choro o doce canto.

E, afora este mudar-se cada dia,

Outra mudança faz de mor espanto:

Que não se muda já como soía.


Luís de Camões

12 fevereiro 2007

Gosto de Pessoas.....




Gosto de pessoas que têm a cabeça no lugar,
idelismo nos olhos mas os pés bem assentes na terra.
Que reflectem e pensam com seriedade.
Gosto de pessoas que riem,
choram, emocionam-se com um simples gesto, com uma canção suave, um bom filme, um bom livro, um gesto de carinho, um abraço, um sorriso.

Gosto de pessoas que amam e têm saudades,
que gostam de amigos, adoram flores, respeitam os animais,
admiram paisagens, escutam o mar.

Gosto de pessoas que têm tempo para sorrir,
sabem semear o perdão, repartir ternuras,
partilhar vivências e dar espaço para as emoções dentro de si,
emoções que fluem dentro do seu ser.


Gosto de pessoas que adoram fazer aquilo que gostam,
não fogem às questões difícieis e inadiáveis,
por mais desgastantes que sejam.


Gosto de pessoas que procuram colher o melhor dos outros,
buscam a verdade e querem sempre aprender,
mesmo que seja de uma criança, de um pobre ou de um analfabeto

Gosto de pessoas de coração desarmado, sem ódios e preconceitos estabelecidos.
Que têm muito Amor dentro delas.
Pessoas que erram e reconhecem, caem e levantam-se,
tirando lições dos erros e dos sofrimentos.


Gosto de pessoas que dizem que amam, e que se entregam totalmente ao outro.
Que são atentas e disponíveis, que tudo fazem para agradar os outros.

Gosto de pessoas que fazem da sua vida uma entrega generosa,
a sua vocação é a convocação dos outros, aquilo que eles mais necessitarem.

Tenho a certeza que há pessoas assim, eu pelo menos uma conheço
e desconfio que é deste tipo de pessoas que Deus também gosta!

11 fevereiro 2007

Os Extremos....!


"A humanidade gosta de pensar em termos de extremos opostos. É dada a formular as suas convicções em termos de ou-ou, entre os quais não identifica possibilidades intermédias. Quando se vê obrigada a reconhecer que não é possível influenciar os extremos, continua inclinada a defender que em teoria eles têm razão, mas que, quando se trata de questões práticas, as circunstâncias nos empurram para o compromisso. "
JOHN DEWEY, Experiência e Educação, I (1938)


O referendo hoje realizado em Portugal sobre o Aborto, deu a vitória ao Sim com 59.25% contra 40.75 % do Não, tendo sido abstenção de 56.4%.

Este resultado, que para a maioria dos analistas é inesperado quanto à diferença entre os votantes, mostra que a sociedade portuguesa mudou, e que os valores da nossa sociedade também se alteraram.

Aceito o resultado, mas fico com redobrada responsabilidade de trabalhar ainda mais nas questões sobre da vida.

06 fevereiro 2007

Coimbra......


"Coimbra é uma lição
De sonho e tradição
O lente é uma canção
E a lua a faculdade
O livro é uma mulher
Só passa quem souber
E aprende-se a dizer Saudade."


Este é o refrão de uma das canções de Coimbra que mais gosto. E foi com este refrão na minha cabeça, que no Sábado fui mostrar uma parte desta cidade a um grupo de amigos. Foi especialmente marcante para mim, voltar passados quase 20 anos, a visitar os locais onde vivi e onde fiz apostolado. Partilhar com os meus amigos, o espirito da universidade, a riqueza da cultura coimbrã, os lugares mais marcantes da presença dos Jesuítas no passado e no presente, foi uma experiência que nunca mais esquecerei.

Quando parti, veio-me à memória outro refrão "Coimbra tem mais encanto na hora da despedida…" A primeira vez que ouvi esta frase, há muitos anos, achei que era ridícula, mas hoje sei como é verdade....

Quando cheguei a casa veio-me à memória um poema de Fernando Pessoa que uma amiga me tinha enviado há pouco tempo

"O valor das coisas
não está no tempo em que elas duram,
mas na intensidade com que acontecem.
Por isso existem momentos inesquecíveis,
coisas inexplicáveis e pessoas imcomparavéis".

02 fevereiro 2007

O Meu Dia....


Hoje é aquele dia em que o calendário nos faz ficar mais velhos.

Gostaria de agradecer a tanta gente, tudo aquilo que me têm dado ao longo da minha vida.

Mas a quem principalmente agradeço, são aos meus pais, filhos, familia e amigos.

Hoje é aquele dia em que me habituei a pensar longamente como tem sido a minha vida.

Aqui vós deixo aquilo que hoje me ficou... e pelo qual a todos agradeço!


"Eu amo muito a liberdade
por isso todas as coisas que amo deixo-as livre,
se voltar é por que as conquistei
se não, é por que nunca as possuí."

29 janeiro 2007

O Abortista....



Começa à meia-noite de hoje a campanha eleitoral do Referendo sobre o Aborto.
Pela minha parte deixo este pequeno testemunho do Médico Bernard Nathanson, no seu livro "The Hand of God".


Fui certa vez ouvir uma conferência dada por um médico norte-americano chamado Bernard Nathanson, que, para começar, pousou as mãos abertas sobre a mesa e disse que aquelas mãos tinham feito muitos milhares de vítimas. Era um homem profundamente arrependido, que corria o mundo procurando resgatar alguma paz interior, um homem perseguido por terríveis remorsos. A utilização de uma nova tecnologia para estudar o feto no útero, quando se tornou director de um grande hospital de obstetrícia, fê-lo compreender a enormidade do seu erro. Pessoalmente responsável por 75 000 abortos, tinha sido pioneiro do abortismo nos Estados Unidos, fundando o N.A.R.A.L com o propósito de revogar as leis americanas, que eram contrárias ao aborto. Em apenas cinco anos, de 1968 a 1973, apesar de a maioria dos americanos serem contra o aborto livre, conseguiu que este fosse legalizado até ao momento anterior ao nascimento.


Como o conseguiu?


"A primeira táctica era ganhar a simpatia dos media. Convencemos os meios de comunicação de que permitir o aborto era uma causa liberal (…). Nós simplesmente fabricámos resultados de sondagens fictícias (...) - que 60% dos americanos eram favoráveis à liberalização do aborto (...). Poucas pessoas gostam de fazer parte da minoria (...). Enquanto o número de abortos ilegais era aproximadamente de 100 000, nós dizíamos incessantemente aos meios de comunicação que o número era de 1 000 000. A repetição de uma grande mentira convence o público. O número de mulheres que morriam em consequência de abortos ilegais era cerca de 250. O número que dávamos constantemente aos meios de comunicação era 10.000 (…)". "A segunda táctica era atacar o catolicismo. Nós difamávamos sistematicamente a Igreja Católica e as suas "ideias socialmente retrógradas", e apresentávamos a hierarquia como o vilão que se opunha ao aborto. Esta música foi tocada incessantemente. Divulgávamos aos media mentiras como: "todos sabemos que a oposição ao aborto vem da hierarquia e não da maioria dos católicos", "as sondagens provam que a maioria dos católicos quer uma reforma"... E os media martelavam tudo isto sobre os americanos, persuadindo-os de que quem se opusesse ao aborto livre estava sob a influência da hierarquia católica e que os católicos favoráveis ao aborto eram esclarecidos e progressistas. O facto de que as outras religiões, cristãs e não cristãs, eram (e ainda são) completamente opostas ao aborto foi constantemente silenciado, assim como as opiniões dos ateus pró-vida." "A terceira táctica era obscurecer e suprimir toda a evidência de que a vida se inicia na concepção. Uma táctica favorita dos abortistas é a ideia de que é impossível saber quando se inicia a vida humana; que isso é uma questão teológica, moral ou filosófica; nada científica. Ora a fetologia tornou inegável a evidência de que a vida se inicia na concepção... (…) A permissividade do aborto é claramente a inegável destruição de uma vida humana (…). Como cientista, eu sei - e não apenas "acredito" - que a vida humana se inicia na concepção".

28 janeiro 2007

Não terei vivido em vão....!


Se evito que um coração se rompa
não terei vivido em vão;
se mitigo a dor de uma vida,
ou alivio de um sofrimento,
ou levo de novo ao ninho
uma pomba ferida,
não terei vivido em vão.

Se não deixo que a tristeza esmague os meus amigos
não terei vivido em vão;
Se abro portas de esperanças,
se encaminho para alegria,
ou dou o ombro para chorar,
não terei vivido em vão.

24 janeiro 2007

As etiquetas....!

Quantas vezes olhamos para as pessoas e não sentimos empatia.
Vimo-las durante muito tempo, regularmente, mas a empatia que não se cria, até nem recordamos o seu nome.
Normalmente não nos fala, e colamos-lhe a etiqueta de antipático.
Por vezes, temos a possibilidade de conversar, mas acabamos sempre por discutir.
Há pessoas que mesmo achando-as distantes, há algo que nos faz dizer que se calhar essa pessoa é diferente daquilo que mostra ser.
Até que um dia, por razões que dificilmente nos recordamos, começamos a conversar. À medida que o tempo passa sentimos que afinal aquela pessoa até é bastante interessante. Passamos a falar de diversos assuntos, contamos-lhe coisas de um passado que só conhece pelas histórias que dele ouviu, falamos de coisas tão diferentes …. Como há muito que a outra etiqueta ficou, algures, perdida… Ficamos a pensar nas pessoas que nunca verdadeiramente conhecemos, por não termos tempo nem vontade de confirmar que pode haver muitas etiquetas que se descolem milagrosamente se tivermos tempo para as descobrir.
Não te imaginava nada assim…Nem eu…
As etiquetas eram, portanto, mútuas.
Mas o tempo fez-nos ver que cada um é sempre uma pessoa interessante!

22 janeiro 2007

Os Sentimentos.....!


A fonte principal de dificuldades nas relações inter-pessoais são os sentimentos próprios e alheios. Na cultura dominante dos nossos dias é frequente ignorá-los ou até mesmo negá-los. Nada é mais natural do que ter sentimentos, é preciso aceitá-los, sejam eles quais forem: solidão, alegria, tristeza, amor, inveja, angústia, ansiedade... isto é próprio do ser humano! É importante saber que os sentimentos não são bons nem maus, eles são um sinal de consonância ou dissonância com os outros que nos rodeiam.
O mais importante nas relações inter-pessoais é prestar atenção aos sentimentos dos outros, sobretudo quando são expressos de maneira indirecta. Mas é preciso encontrar o momento oportuno para exprimir os sentimentos directamente, ainda que isto suponha sempre um investimento arriscado. A relação entre os dois será então, sem dúvida alguma, mais estreita, mais nítida, mais compreeensiva, mais pessoal.
Mas só estaremos bem com outro, se estivermos bem connosco. E isso só é possivel quando aceitamos a nossa própria afectividade, temos uma certa coerência no nosso agir, desenvolvemos uma boa capacidade de comunicar e sempre nos responsabilizamos pelos próprios actos.
No entanto, os sentimentos são muitas vezes reprimidos em nome de principios de vida, que por não serem admitidos, se reprimem e resultam na sua absolutização. A moral não se deve meter antes do tempo, o sentir é pré-moral pois não depende da minha liberdade.
O Papa João Paulo II afirmava que o amor, no seu conjunto, não se reduz à emoção nem ao sentimento, que não são senão alguns dos seus componentes. Um elemento mais profundo, e de longe o mais essencial de todos, é a vontade, que tem o papel de modelar o amor no homem. Na amizade - ao contrário do que sucede na simpatia - a participação da vontade é decisiva.
Toda a falta de verdade comigo, mais cedo ou mais tarde é fonte de grande conflitos internos e externos. As mudanças superficiais são sempre rápidas, as mudanças interiores são lentas e profundas.
E como dizia Saint-Exupéry "O essencial não se vê com os ouvidos, mas sim com o coração".

Para algumas mulheres!



16 janeiro 2007

O Amigo....!

Deus, na sabedoria, criou o amigo.
Alguém em que se possa confiar, um amigo fiel que nos compreenda,e nos estenda sempre a mão para ajudar.
Ele sentiu que precisaríamos de alguém, que nos confortasse quando estivéssemos tristes,cuja especial ternura e sorriso feliz,nos fizesse sentir que vale a pena viver.
Alguém com quem dar um passeio, compartilhar um livro ou um segredo.
Falar ao telefone, mas que também, perceba a nossa necessidade de estar algum momento a sós. Deus criou o amigo para ser alguém que sempre nos alegramos em rever.


14 janeiro 2007

Um casamento em Caná.....



Sempre que oiço a cena evangélica das Bodas de Caná (João 2, 1-11a), como hoje me aconteceu na missa, vem-me sempre à memória um quadro de Paolo Veronese que tive a oportunidade de ver no Louvre, quando procurava o famosíssima Mona Lisa (também conhecida como La Gioconda, a mais notável e conhecida obra do pintor italiano Leonardo da Vinci ) e ao entrar numa grande sala deste museu Parisiense, dei de caras com este imponente, magistral e lindíssimo quadro. Para quem não sabe Paolo Veronese (1528?-1588), é um pintor italiano, que foi dos mais destacados mestres da escola veneziana. O seu nome verdadeiro era Paolo Caliari, ficando conhecido como Veronese por ter nascido na cidade de Verona. A magnífica obra de Paolo Veronese é essencialmente de temas cristãos. Ampla e rica em cores.
A pintura "Bodas de Caná" foi executada em 2 anos, 1562 e 1563. É uma pintura de grandes dimensões: 6,69m por 9,90m. A pintura foi encomendada pelos monges Beneditinos para cobrir completamente a parede de um refeitório. Foi feita num atelier onde vários outros aprendizes e outros colaboradores ajudaram a pintar a obra. Um dos aspectos mais interessantes da pintura é a representação de dois tempos, pois na mesa, no plano inferior está Jesus e a Virgem Maria, bem como os apóstolos. Mas na outra parte da mesa e na maior parte do quadro as figuras representadas são figuras da época, Venezianos. Assim além da cena bíblica temos presente o século XVI em todo o esplendor da vida cortesã da época. Nesta pintura Veronese introduziu a azáfama dos criados a servirem a refeição, o que não era frequente.

12 janeiro 2007

Boa Sorte...!

Há dias que pela sua importância nos marcam.
Sei que para alguém, o dia de hoje é muito importante.
Entre o passado que nos foge e o futuro que ignoramos,
está o presente, que é onde está a nossa obrigação de decidir o melhor possivel!
BOA SORTE!

10 janeiro 2007

Adiamento....!



Depois de amanhã, sim, só depois de amanhã...
Levarei amanhã a pensar em depois de amanhã
E, assim será possível; mas hoje não...
Não, hoje nada; hoje não posso.
A persistência confusa da minha subjectividade objectiva,
O sono da minha vida real, intercalado,
O cansaço antecipado e infinito,
Um cansaço de mundos para apanhar um eléctrico...
Esta espécie de alma...Só depois de amanhã...
Hoje quero preparar-me,
Quero preparar-me para pensar amanhã no dia seguinte...
Ele é que é decisivo.
Tenho já o plano traçado; mas não, hoje não traço planos...
Amanhã é o dia dos planos.
Amanhã sentar-me-ei à secretária para conquistar o mundo;
Mas só conquistarei o mundo depois de amanhã...
Tenho vontade de chorar,Tenho vontade de chorar muito de repente, de dentro...
Não, não queiram saber, é segredo, não digo.
Só depois de amanhã...
(...)
Amanhã te direi as palavras, ou depois de amanhã...
Sim, talvez só depois de amanhã...
(...)
(Álvaro de Campos)




Aquele que Sabe....!

"Aquele que sabe e sabe que sabe
é sábio - segue-o
Aquele que sabe e não sabe que sabe
está a dormir - acorda-o
Aquele que não sabe e não sabe que não sabe
é um idiota - enxota-o
Aquele que não sabe e sabe que não sabe
é simples - ensina-o"
(Provérbio Árabe)

09 janeiro 2007

Estado de Felicidade....!

O principal objectivo do Homem, não é transportar-se para um impossível estado de felicidade, mas sim tentar adquirir firmeza e paciência diante do sofrimento. A vida acontece no equilibrio entre a alegria e a dor. Quem não arrisca para além da realidade jamais encontrará a verdade.
É coisa singularmente séria viver-se neste mundo!

07 janeiro 2007

"Sábios Porcos Espinhos"


Durante a era glacial, muitos animais morriam por causa do frio.
Os porcos-espinhos, percebendo esta situação, resolveram juntar-se em grupos, e assim se agasalhavam e protegiam mutuamente.
Mas os espinhos de cada um feriam os companheiros mais próximos, justamente os que forneciam calor. E, por isso, tornavam-se afastar uns dos outros.
Voltaram a morrer congelados e precisavam fazer uma escolha: Desapareceriam da face da terra ou aceitavam os espinhos do semelhante.
Com sabedoria, decidiram voltar e ficar juntos. Aprenderam assim a conviver com as pequenas feridas que uma relação muito próxima podia causar, já que o mais importante era o calor do outro.
Sobreviveram!

(anónimo)

05 janeiro 2007

Ao meu lado....


Foi num dia em que o passeio
Escaldava e o Rio o arrefecia
Que decidimos percorrer toda a Marginal
O passeio estava recheado de pessoas
Pessoas essas que no seu rosto
Permanecia alegria, humor e descanso.
Durante a dita caminhada, reparei
Que havia pessoas de todos os cantos
Do globo, de todas as cores e nacionalidades.
Em simultâneo reparava no Rio,
Sereno e calmo, governava
A cor esmeralda que pintara o fundo...
No céu, totalmente azul, pairavam
As gaivotas, procurando impacientemente
Um peixe perdido para saciarem a sua fome...
Queria ouvir-te
perto e longe
a contar-me as tuas histórias e verdades
sempre ouvir-te
Para trás já ia umas longas horas
E em diante avistara bem perto
O fim da imensa infinidade do Rio,
Que encontra o Mar.
Cansado, um pouco, calor, algum,
E, satisfeito, observava tudo
O que tinha caminhado, até que,
Inesperadamente, observei o impossível,
O impossível tornara-se realidade
E me perguntei
"Será aquilo um anjo?"
Não... era apenas tu que ias ao meu lado
E que bem me fazias
Que vou fazer, pensei,
Através do silencio do meu olhar, te ditei
Palavras carinhosas... de amizade... e rezei!
(Anónimo)

Como Será Estar Contente?

Como será estar contente?
Lançar os olhos em volta,
moderado e complacente,
e tratar com toda a gente
sem tristeza nem revolta?
Sentir-se um homem feliz,
satisfeito com o que sente,
com o que pensa e com o que diz?
Como será estar contente?

(António Gedeão)

03 janeiro 2007

Não Matarás....


Como é estranho tomar uma decisão,
que sendo aparentemente a mais certa,
faz-nos sentir mal,
porque é a mais incorrecta...
e pode fazer sofrer!

NÃO À PENA DE MORTE!


01 janeiro 2007

O que eu desejo para si....

Desejo primeiro que ame,
E que amando, também seja amado.
E que se não for, seja breve em esquecer.
E que esquecendo, não guarde mágoa.
Desejo, pois, que não seja assim,
Mas se for, saiba ser sem desesperar.
Desejo também que tenha amigos,
Que mesmo maus e inconsequentes,
Sejam corajosos e fiéis,
E que pelo menos num deles
possa confiar sem duvidar.
E porque a vida é assim,
Desejo ainda que tenha inimigos.
Nem muitos, nem poucos,
Mas na medida exacta para que, algumas vezes,
Se interpele a respeito
Das suas próprias certezas.
E que entre eles, haja pelo menos um que seja justo,
Para que não se sinta demasiado seguro.
Desejo depois que seja útil,
Mas não insubstituível.
E que nos maus momentos,
Quando não restar mais nada,
Essa utilidade seja suficiente para se manter de pé.
Desejo ainda que seja tolerante,
Não com os que erram pouco, porque isso é fácil,
Mas com os que erram muito e irremediavelmente,
E que fazendo bom uso dessa tolerância,
Sirva de exemplo aos outros.
Desejo que sendo jovem,
Não amadureça depressa demais,
E que sendo maduro, não insista em rejuvenescer
E que sendo velho, não se dedique ao desespero.
Porque cada idade tem o seu prazer e a sua dor e
É preciso deixar que escorram por entre nós.
Desejo por sinal que seja triste,
Não o ano todo, mas apenas um dia.
Mas que nesse dia descubra
Que o riso diário é bom,
O riso habitual é insosso e o riso constante é insano.
Desejo que se descubra ,
Com a máximo urgência,
Acima e a respeito de tudo, que existem oprimidos,
Injustiçados e infelizes, e que estão à sua volta.
Desejo ainda que se acolha um gato,
Alimente um cuco e ouça o joão-de-barro
Erguer triunfante o seu canto matinal
Porque, assim, se sentirá bem por pouco fazer.
Desejo também que plante uma semente,
Por mais minúscula que seja,
E acompanhe o seu crescimento,
Para que saiba de quantas
Muitas vidas é feita uma árvore.
Desejo, também, que tenha dinheiro,
Porque é preciso ser prático.
E que pelo menos uma vez por ano
Coloque um pouco dele
Na sua frente e diga "Isso é meu",
Só para que fique bem claro quem é o dono de quem.
Desejo também que nenhum de seus afectos morra,
Por ele e por si,
Mas que se morrer, possa chorar
Sem se lamentar e sofrer sem se culpar.
Desejo por fim que sendo homem,
Tenha uma boa mulher,
E que sendo mulher,
Tenha um bom homem
E que se amem hoje, amanhã e nos dias seguintes,
E quando estiverem exaustos e sorridentes,
Ainda haja amor para recomeçar.
E se tudo isso acontecer,
Não tenho mais nada para lhe desejar.


(Anónimo)