30 dezembro 2008

O Retiro...!


O Natal tem destas coisas, recebi, entre outros, um livro precioso. Uma obra que estabelece bem a diferença entre os monges e nós: eles preferem a solidão e o silêncio. Nós escolhemos a solidão e o ruído. O Segredo da Cartuxa retrata a Cartuxa de Santa Maria Scala Coeli, único convento em Portugal da Ordem Cartusiana, fundada por São Bruno há mais de 900 anos. O livro retrata a vida do único mosteiro contemplativo masculino no país, no qual cada monge vive e trabalha sozinho na sua cela quase todo o tempo.

Mas há uma diferença entre nós e os doze homens que habitam o convento: por muita fé que se tenha, é preciso uma dedicação total para se deixar o mundo «lá fora» e aceitar que se está num convento para toda a vida. A vida de um monge cartuxo é austera, pratica-se a solidão, a Cartuxa edifica pelo silêncio. Apesar de poder parecer uma boa maneira de fugir do mundo e da vida, é um modo de existência que não se recomenda a todas as pessoas. A introversão muito forte acaba por ser inimiga da solidão. Para ser monge é necessário um equilíbrio psicológico muito forte, para conseguir suportar a austeridade e o silêncio. Quando questionados sobre as saudades do que deixaram para trás, respondem que o coração reclama dos seus ao princípio, mas contrapõem que as saudades passam e a recompensa é a permanente alegria espiritual em que vivem. Oração, trabalho e descanso são os três eixos fundamentais.

Também neste época natalicia, há pessoas que quiseram ter uma experiência de recolhimento e silêncio para que possam "ordenar a sua alma" e com isso ver que direcção deve tomar a sua vida.

Eu, na cidade, no meio de tanto "barulho" estou com elas em espírito e torcendo para que esta experiência seja marcante nas suas vidas.

29 dezembro 2008

O Museu...!


Em boa hora convidei um grupo de amigos e fomos visitar o remodelado Museu de São Roque.
O Museu de São Roque está instalado no espaço da antiga Casa Professa da Companhia de Jesus em Lisboa, edifício contíguo à Igreja de São Roque. Tendo em vista reforçar a ligação museu/igreja, procedeu-se à recuperação de elementos arquitectónicos da antiga Casa Professa de São Roque como o claustro e zonas de passagem entre os dois espaços.
A exposição permanente é grandiosa e de grande valor histórico e artístico.

28 dezembro 2008

A Confiança...!


A confiança que temos em nós mesmos, reflecte-se em grande parte, na confiança que temos nos outros.

27 dezembro 2008

Caminho...!


Na vida a Direcção é mais importante que a Velocidade.

26 dezembro 2008

Resolver...!


"Deus move o céu inteiro naquilo que o Ser Humano é incapaz de fazer,
mas não move uma palha naquilo que a capacidade Humana pode resolver."
(Ditado Oriental)

25 dezembro 2008

Ver o que se espera...!


"Cada um vê aquilo que espera. Parece estranha esta afirmação. Vemos o que esperamos! É assim. Se o que espero são desgraças, só vejo desgraças e tudo me parece já mal. Mas se o que espero (e sei que vem) é o Bem, tudo já são sinais desse bem. É isso que me purifica o olhar e me liberta de fantasmas. Quem sabe que o Bem vem, já vê o bem a vir. Vê com bons olhos, mesmo no meio do nevoeiro. "
(P. vasco Pinto Magalhães, in Não Há Soluções, Há Caminhos, ed. Tenacitas)

24 dezembro 2008

O Calor de Deus....!


"Tanto lume aceso em todo Portugal, e tanto frio nos corações! Mas não há outro calor, senão o dos cepos a arder. Deus esqueceu-se de nós, ou alguém se esqueceu por ele....."
(Miguel Torga, Diário VIII)





Feliz Natal!

23 dezembro 2008

O Meu Desespero....


Eu sei que o meu desespero não interessa a ninguém.
Cada um tem o seu, pessoal e intransmissível:
com ele se entretém e se julga intangível.
Eu sei que a Humanidade é mais gente do que eu,
sei que o Mundo é maior do que o bairro onde habito,
que o respirar de um só, mesmo que seja o meu,
não pesa num total que tende para infinito.
Eu sei que as dimensões impiedosos da Vida ignoram todo o homem,
dissolvem-no, e, contudo,
nesta insignificância, gratuita e desvalida,
Universo sou eu, com nebulosas e tudo.

(António Gedeão)

19 dezembro 2008

A Escolha...!



Qual dos lugares escolho?
Um dia, um amigo que conhecia há pouco tempo, disse-me que eu tinha capacidade para encantar as pessoas, e isso colocava-me do lado de Deus, mas quando queria magoava as pessoas, e por isso também poderia sentar-me ao lado do Diabo. Fiquei a pensar, e disse que ninguém conseguia estar bem dos dois lados e que sempre que alguém quisesse, se fosse das pessoas que se sentam ao lado de Deus, nunca conseguiriam sentar-se ao lado do Diabo, pois as capacidades são totalmente opostas, e ninguém tem essa faceta. Então esse amigo disse-me para eu apenas testar, aguardar pela melhor ocasião, e esperar que o futuro me dissesse se ele tinha razão ou não.

Hoje eu digo, que foi das coisas mais acertadas que me disseram, sem me conhecer muito bem... Infelizmente tenho essa capacidade... e ultimamente tão depressa me sento de um lado, como logo a seguir me sento no outro, eu bem tento escolher o bem, mas neste momento não sei... Espero não magoar ninguém, isso é que espero, de resto, vamos ver em que lado fico...

17 dezembro 2008

Até quando...!


"Se o que fores dizer não for mais belo que o silêncio, então cala-te."
(Pitágoras)

16 dezembro 2008

Fim de Tarde...!

Estado de Alma...!





O tempo e a ausência combatem o amor pela memória,
a ingratidão pelo entendimento e pela vontade.
(P. António Vieira in Sermões)

15 dezembro 2008

Olhar para....!


Reservando ao pintor a tarefa tão pessoal e controlável de pintar os quadros, atribuímos ao espectador o papel vantajoso, cómodo de os acabar pela sua meditação ou pelo seu sonho.
No dia-a-dia tento ser uma pessoa disponível e cruzo-me com muitas pessoas, às quais tendencialmente não recuso colaboração ou ajuda conforme o caso e a gravidade do que se aborda! Muito menos aos meus verdadeiros amigos! Dou essa ajuda porque a outra pessoa precisa, porque penso que essa pessoa irá ficar melhor. Quem me conheçe sabe que sempre fiz tudo isto de uma maneira gratuita e despojada de qualquer ideal de compensação. No entanto, custa muito quando há momentos, que são raros, em que pedimos aos nossos amigos que nos acompanhem, que estejam ao nosso lado, que nos apoiem porque houve algo de extraordinário que se passou, e aquilo que recebemos é distanciamento, indisponibilidade, frieza e muita ingratidão.
Infelizmente começo a concluir que muitos dos problemas que as pessoas têm são criados pela falta de coragem para assumir aquilo que a vida lhes pede. Criam refúgio ficticios e alimentam estratégias assentes em caminhos que sabem que não são aqueles que lhe podem dar a paz e felicidade.
A força de vontade dos fracos chama-se teimosia e casmorrice
Espero que este quadro de Caravaggio que dá pelo nome de Narciso (1597 - 1599) obrigue certas pessoas a pensar como é tão injusto sermos tão "Umbiguistas".

11 dezembro 2008

O caminho que escolhes...!


Nâo tenho mais palavras.
Gastei-as a negar-te...(Só a negar-te eu pude combater
O terror de te ver
Em toda a parte.)
Fosse qual fosse o chão da caminhada,
Era certa a meu lado
A divina presença impertinentedo teu vulto calado
E paciente...
E lutei, como luta um solitário
Quando alguém lhe perturba a solidão.
Fechado num ouriço de recusas,
Soltei a voz, arma que tu não usas,
Sempre silencioso na agressão.
Mas o tempo moeu na sua mó
O joio amargo do que te dizia...Agora somos dois obstinados,
Mudos e malogrados,
Que apenas vão a par da teimosia

(Miguel Torga)

A Verdade da Desilusão...!


A pior coisa que há é a ilusao, leva-nos por caminhos falsos, ainda bem que há a desilusao para nos atirar para o caminho certo.


O Vulto...!

Mal fora iniciada a secreta viagem
Um deus me segredou que eu não iria só.

Por isso a cada vulto os sentidos reagem,
supondo ser a luz que deus me segredou.

(David Mourão Ferreira)

10 dezembro 2008

Fado do Encontro...!

Versão Marretas- Tim e Mariza

Três Coisas...!


"Há três coisas que nunca voltam atrás:
a palavra dita, a flecha disparada e a oportunidade perdida"
(Confúcio)

09 dezembro 2008

A Diva...!


Excelente ideia teve uma amiga ao desafiar-me para irmos ver o filme da Amália, e porquê não levar a "minha diva" para que ela pudesse ouvir e ver um dos seus ídolos.

O Filme situa-nos no Portugal dos anos 40 do Século XX. E relata-nos a vida de uma jovem que tem uma relação muito dificil com a mãe, encontra no canto do fado a sua "fuga" para conseguir viver. Sem instrução escolar consegue aquilo que nenhuma escola, por mais que exercite, consegue formar: uma voz como a sua que, numa métrica de rigor inalterável, se elevava do chão, como um cântico ao sofrimento.

O amor ou desafecto poderão explicar o registo da sua vida. O que leva uma jovem fadista quase sem instrução a escolher cantar os grandes poetas da língua portuguesa como Camões, Bocage, David Mourão-Ferreira, Alexandre O'Neill, Ary dos Santos.

A relação precoce e visionária de Amália Rodrigues com a melhor poesia permanece um enigma. Poderá ter tido uma estranha forma de vida, mas foi um relevante factor aglutinador do povo português, que fez dela seu património, mesmo que no fim da vida, e depois do 25 de Abril, tivesse sofrido com as injustiça de alguns que quiseram que ela fosse denunciada como um simbolo do Estado Novo.

Gostei de ver como uma das figuras lendárias do fado e da cultura portuguesa do século passado, exprime essa forma melancólica e nostálgica que é a Saudade…

E como escreveu Camilo Castelo Branco "Só faz versos (ou canta - adaptado por mim)quem tem a alma cheia de saudades ou de esperanças"

Obrigado pelo convite!

06 dezembro 2008

Saudade...!


A saudade é a memória do coração
(Coelho Neto )

Desejar...!


"Cada um deles faz por desejar ou fingir desejar a salvação própria, mas, acima de tudo, teme a salvação do outro. O silêncio é o que lhes resta, o que os une, uma finíssima película de tempo suspenso, para além do qual não há nada mais do que a escuridão dos abismos. E, por isso, nenhum deles ousa qualquer palavra, qualquer gesto, qualquer coisa que possa romper esse ténue fio que os prende à eternidade."

(Miguel Sousa Tavares em Não te Deixarei Morrer David Crocket)

05 dezembro 2008

Cansaço...!


O que há em mim é sobretudo cansaço

Não disto nem daquilo,
Nem sequer de tudo ou de nada:
Cansaço assim mesmo, ele mesmo,
Cansaço. A subtileza das sensações inúteis,
As paixões violentas por coisa nenhuma,
Os amores intensos por o suposto alguém.
Essas coisas todas –
Essas e o que faz falta nelas eternamente
Tudo isso faz um cansaço,
Este cansaço.
Há sem dúvida quem ame o infinito,
Há sem dúvida quem deseje o impossível,
Há sem dúvida quem não queira nada –
Três tipos de idealistas, e eu nenhum deles:
Porque eu amo infinitamente o finito,
Porque eu desejo impossivelmente o possível,
Porque eu quero tudo, ou um pouco mais, se puder ser,
Ou até se não puder ser...
(Álvaro de Campos in O que há em mim é sobretudo cansaço)

04 dezembro 2008

Saber...!


Saber afastar-se e aproximar-se é o segredo de qualquer relação que dure.

Compreender...!


"A meio caminho entre a fé e a crítica está a estalagem da razão. A razão é a fé no que se pode compreender sem fé; mas é uma fé ainda, porque compreender envolve pressupor que há qualquer coisa compreensível."

(Fernando Pessoa in Livro do Desassossego)

03 dezembro 2008

As Coisas...!


Aqueles que se dedicam demasiado às pequenas coisas
tornam-se normalmente incapazes das grandes.
(La Rochefoucauld)

29 novembro 2008

A idade da Inocência...!

Rhapsody and Blues -THE CRUSADERS (1984)


Poucos Podem Sentir....!



"O Bem ou é presente, ou passado, ou futuro: se é presente, causa gosto; se é passado, causa saudade; se é futuro, causa desejo"
(P. António Vieira in Sermões)

Beleza...!


Quem possui a faculdade de ver a beleza, não envelhece.

(Franz Kafka)

28 novembro 2008

Tu Recuerdo....!

Decidir....!


Nada é mais difícil, e por isso mais precioso, do que ser capaz de decidir.
(Napoleão Bonaparte)

Esperar...!


Para quem sabe esperar, tudo vem a tempo.
(Clément Maro)

27 novembro 2008

Fim de Tarde...!

Randy Crawford e Joe Sample

Há tempo...!


"Há tempo de nascer, e tempo de morrer;

Há tempo de plantar e o tempo de arrancar;

O tempo de matar e o tempo de curar;

O tempo de destruir e o tempo de construir;

O tempo de chorar e o tempo de rir;

O tempo de estar de luto e o tempo de dançar;

O tempo de atirar pedras e o tempo de as juntar;

O tempo de se abraçar e o tempo de se afastar;

O tempo de procurar e o tempo de perder;

O tempo de conservar e o tempo de deitar fora;

O tempo de rasgar e o tempo de coser;

O tempo de calar e o tempo de falar;

O tempo de amar e o tempo de odiar;

O tempo de guerra e o tempo de paz."

(Do livro do Eclesiastes 3, 1-8)

A vida pode ser um Arco-Iris...!


"Um arco-íris (também chamado arco-celeste, arco-da-aliança, arco-da-chuva ou arco-da-velha) é um fenômeno óptico e meteorológico que separa a luz do sol em seu espectro (aproximadamente) contínuo quando o sol brilha sobre gotas de chuva. Ele é um arco multicolorido com o vermelho no seu exterior e o violeta em seu interior; a seqüência completa é vermelho, laranja, amarelo, verde, azul, anil (ou indigo) e violeta.

Para ajudar a lembrar a sequência de cores do arco-íris, usa-se a mnemónica: «Vermelho lá vai violeta», em que l,a,v,a,i representam a sequência laranja, amarelo, verde, azul, indigo.

O efeito do arco-íris pode ser observado sempre que existir gotas de água no ar e a luz do sol estiver brilhando acima do observador em uma baixa altitude ou ângulo. O mais espetacular arco-íris aparece quando metade do céu ainda está escuro com nuvens de chuva e o observador está em um local com céu claro." (in Wikipédia)

26 novembro 2008

Arrumar-me...!



Deus quer, o homem sonha, a obra nasce.
Deus quis que a terra fosse toda uma,
Que o mar unisse, já não separasse.
Sagrou-te, e foste desvendando a espuma,
E a orla branca foi de ilha em continente,
Clareou, correndo, até ao fim do mundo,
E viu-se a terra inteira, de repente,
Surgir, redonda, do azul profundo.
Quem te sagrou criou-te português.
Do mar e nós em ti deu sinal.
Cumpriu-se o Mar, e o Império se desfez.
Senhor, falta cumprir-se Portugal!

(Fernando Pessoa)

Escuto...!


Escuto mas não sei

Se o que oiço é silêncio

Ou Deus


Escuto sem saber se estou ouvindo

O ressoar das planícies do vazio

Ou a consciência atenta

Que nos confins do universo

Me decifra e fita


Apenas sei que caminho como quem

É olhado amado e conhecido

E por isso em cada gesto ponho

Solenidade e risco

(Sophia de Mello Breyner Andersen)

24 novembro 2008

Afastar...!


Os Homens são fáceis de afastar. Basta não nos aproximarmos.
(Fernando Pessoa, in Livro do Desassossego)

O Pedreiro...!


Recebi este texto de um amigo brasileiro que esteve em Portugal na semana passsada, e que é especialista em Didática e Novos Modelos de Aprendizagens. Foi muito bom conversar com ele, e ouvir o relato das novas experiências que se estão a fazer em diversas escolas espalhadas por esse mundo fora.


Mas como a vida é um escola.....


"Um velho pedreiro que construía casas estava pronto para se aposentar... Ele informou o chefe do seu desejo de se aposentar e passar mais tempo com sua família. Ele ainda disse que sentiria falta do salário, mas realmente queria se aposentar. A empresa não seria muito afetada pela saída do pedreiro, mas o chefe estava triste em ver um bom funcionário partindo e pediu ao pedreiro para trabalhar em mais um projeto, como um favor. O pedreiro não gostou mas, acabou concordando. Foi fácil ver que ele não estava entusiasmado com a idéia. Assim ele prosseguiu fazendo um trabalho de segunda qualidade e usando materiais inadequados. Quando o pedreiro acabou, o chefe veio fazer a inspeção da casa construída. Depois de inspecioná-la, deu a chave da casa ao pedreiro e disse: - 'Esta é a sua casa. Ela é o meu presente para você'. O pedreiro ficou muito surpreso. Que pena! Se ele soubesse que estava construindo sua própria casa, teria feito tudo diferente.... O mesmo acontece conosco... Nós construímos nossa vida, um dia de cada vez e muitas vezes fazendo menos que o melhor possível na sua construção. Depois, com surpresa, nós descobrimos que precisamos viver na casa que nós construímos. Se pudéssemos fazer tudo de novo, faríamos tudo diferente. Mas não podemos voltar atrás. Tu és o pedreiro. Todo dia martelas pregos, ajustas tabuas e constróis paredes. Alguém já disse que: 'A vida e um projeto que você mesmo constrói'.
Tuas atitudes e escolhas de hoje estão construindo a 'casa' em que vais morar amanhã. Portanto construa com sabedoria!"

23 novembro 2008

Primeiro Ano....!


"Ninguém pode fugir ao Amor e à Morte."
Essa foi a grande lição que o nosso Pai nos deixou.

22 novembro 2008

O Homem é o melhor amigo do Cão....!

Podemos...!

Podemos correr, podemos saltar, podemos fugir, podemos fazer tudo que quisermos, mas vamos ter sempre ao mesmo sitio, se amas de verdade não fujas, não corras, não saltes, o sentimento de falta, o vazio, vão acompanhar-te em todos os minutos da tua vida... claro que se não amas, estas palavras, simplesmente são ridiculas.
Ninguém consegue fugir do seu coração. Por isso, é melhor escutá-lo, para que jamais se venha arrepender daquilo que deixou fugir.

(Paulo Coelho)

Futuro...!


Quando o terreno não se encontra fértil, devemos adiar, pelo tempo que for necessário, o seu cultivo. Primeiro devemos, com cuidado e carinho, arar a terra, para depois, no momento certo, jogar as sementes ao solo.

Dedica-se a esperar o futuro apenas quem não sabe viver o presente. (Senéca)

Doar...!

É bom pensar sobre isto....

21 novembro 2008

A Influência...!

A tua influência sobre mim foi o que tinha de ser, mas acho que devias deixar de ver como uma forma particular de maldade da minha parte o facto de eu não poder fugir a essa influência.
(Franz Kafka)

A Verdade...!


A Verdade

A porta da verdade estava aberta,
mas só deixava passar
meia pessoa de cada vez.
Assim não era possível atingir toda a verdade,
porque a meia pessoa que entrava
só trazia o perfil de meia verdade.
E sua segunda metade
voltava igualmente com meio perfil.
E os meios perfis não coincidiam.
Arrebentaram a porta.
Derrubaram a porta.
Chegaram ao lugar luminoso
onde a verdade esplendia seus fogos.
Era dividida em metades
diferentes uma da outra.
Chegou-se a discutir qual a metade mais bela.
Nenhuma das duas era totalmente bela.
E carecia optar. Cada um optou conforme
seu capricho, sua ilusão, sua miopia.


(Carlos Drummond)

20 novembro 2008

Mãos Dadas...!


Não sei quem são. Vi-os a passear de mão dada como se cada um deles segurasse o corpo do outro. Será o medo de cair ou, simplesmente, o medo de largar durante muito tempo, algum deles poderia fugir.
Aqueles sorrisos verdadeiros, que despertam em mim não mais que inveja. Sei sorrir, sorrio todos os dias, o máximo que posso, mas trocava cada um desses sorrisos por um sorriso daqueles.
Sentaram-se num banco, num banco a ver o mar. Definitivamente era uma vista esplendorosa, um lugar magnífico e, outra vez aqueles sorrisos. Mas não estavam sozinhos, eram acompanhados de longos e carinhosos beijos, sem loucuras ou paixões desenfreadas, no ritmo certo, sem pressas, afinal, naquele momento, para eles... vai durar para sempre.
Levantaram-se então, onde iam? Agora mais juntos ainda, seria maior o medo de cair ou maior o medo de fuga?
Aquele olhar, nunca mais esquecerei. Os dois encontravam-se numa só sintonia, cantavam a mesma música, sem emitir nenhum som, falam na mesma língua sem produzir uma única palavra. Olham um para o outro e vêem algo que eu não conseguia ver, vêm para além do que o olhar permite e do que qualquer um, que não eles, pode entender.
Largaram as mãos. Acabou? Onde foi a magia? Cada um vai na sua direcção. Quero gritar, quero ajudar, voltem! Quero ver mais! Quando estão já separados por alguns metros, ele olha para trás, e depois ela, e depois... sorriem.


P.S. Um tempo depois, não muito, nem pouco, cada um seguiu a sua direcção. Desta vez... não sorriram.

Sentir...!


"Sentir é criar. Sentir é pensar sem ideias, e por isso sentir é compreender, visto que o Universo não tem ideias. - Mas o que é sentir? Ter opiniões é não sentir. Todas as nossas opiniões são dos outros. Pensar é querer transmitir aos outros aquilo que se julga que se sente. Só o que se pensa é que se pode comunicar aos outros. O que se sente não se pode comunicar. Só se pode comunicar o valor do que se sente. Só se pode fazer sentir o que se sente. Não que o leitor sinta a pena comum [?]. Basta que sinta da mesma maneira. O sentimento abre as portas da prisão com que o pensamento fecha a alma. A lucidez só deve chegar ao limiar da alma. Nas próprias antecâmaras é proibido ser explícito.
Sentir é compreender. Pensar é errar. Compreender o que outra pessoa pensa é discordar dela. Compreender o que outra pessoa sente é ser ela. Ser outra pessoa é de uma grande utilidade metafísica. Deus é toda a gente. Ver, ouvir, cheirar, gostar, palpar - são os únicos mandamentos da lei de Deus. Os sentidos são divinos porque são a nossa relação com o Universo, e a nossa relação com o Universo Deus. (...) Agir é descrer. Pensar é errar. Só sentir é crença e verdade. Nada existe fora das nossas sensações. Por isso agir é trair o nosso pensamento. (...) Não há critério da verdade senão não concordar consigo próprio. O universo não concorda consigo próprio, porque passa. A vida não concorda consigo própria, porque morre. O paradoxo é a fórmula típica da Natureza. Por isso toda a verdade tem uma forma [?] paradoxal. (...) Afirmar é enganar-se na porta. Pensar é limitar. Raciovinar é excluir. Há muito que é bom pensar, porque há muito que é bom limitar e excluir. (...) Substitui-te sempre a ti próprio. Tu não és bastante para ti. Sê sempre imprevenido [?] por ti próprio. Acontece-te perante ti próprio. Que as tuas sensações sejam meros acasos, aventuras que te acontecem. Deves ser um universo sem leis para poderes ser superior. São estes os princípios essenciais do sensacionismo. (...) Faze de tua alma uma metafísica, uma ética e uma estética. Substitui-te a Deus indecorosamente. É a única atitude realmente religiosa (Deus está em toda a parte excepto em si próprio). Faze do teu ser uma religião ateísta; das tuas sensações um rito e um culto. (...)"

(Fernando Pessoa, in 'Sobre «Orpheu», Sensacionismo e Paùlismo')

19 novembro 2008

Objectivo da Arte...!


O Objectivo da Arte não é ser Moral nem Imoral

A arte não tem, para o artista, fim social. Tem, sim, um destino social, mas o artista nunca sabe qual ele é, porque a Natureza o oculta no labirinto dos seus designios. Eu explico melhor. O artista deve escrever, pintar, esculpir, sem olhar a outra cousa que ao que escreve, pinta, ou esculpe. Deve escrever sem olhar para fora de si. Por isso a arte, não deve ser, propositadamente, moral nem imoral. É tão vergonhoso fazer arte moral como fazer arte imoral. Ambas as [cousas] implicam que o artista desceu a preocupar-se com a gente de lá fora. Tão inferior é, neste ponto, um sermonário católico como um triste Wilde ou d'Annunzio, sempre com a preocupação de irritar a plateia. Irritar é um modo de agradar. Todas as criaturas que gostam de mulheres sabem isso, e eu também sei.
(Fernando Pessoa, in 'Sobre «Orpheu», Sensacionismo e Paùlismo' )

Sem Palavras...!

Amizade Correcta....!


O Sábio, ainda que se baste a si mesmo, deseja ter um amigo, quanto mais não fosse para exercer a amizade, para não deixar definhar tão grande virtude. Ele não busca, como dizia Epicuro, «alguém que lhe vele à cabeceira em caso de doença, que o socorra quando esteja em grilhões ou na indigência». Busca alguém a cuja cabeceira de doente possa velar; alguém que, quando implicado numa contenda, ele possa salvar dos cárceres inimigos. Pensar em si próprio, e empenhar-se numa amizade com esse pensamento preconcebido, é cometer um erro de cálculo. A empresa terminará como começou. Fulano arranjou um amigo para dispor, um dia, de um libertador que o preserve dos grilhões. Ao primeiro tinido de cadeias, lá se vai o amigo.
Tais são as amizades que o mundo chama de «ligações temporárias». O homem a quem se escolhe para prestar serviços deixará de agradar no dia em que não sirva para mais nada. Daí a constelação de amigos ao redor das grandes fortunas. Vinda a ruína, faz-se, à volta, a solidão: os amigos esquivam-se dos lugares onde são postos à prova. Daí, todos esses escândalos: amigos abandonados, amigos traídos, sempre por medo! É inevitável que o fim concorde com o começo: o interesse fez de sicrano teu amigo; o interesse fará com que ele deixe de sê-lo. Ele se mostrará sensível às vantagens que lhe sejam oferecidas para que dessirva a amizade, se, nesta, mostrava-se sensível a qualquer vantagem fora dela mesma.
Qual, então, o meu objectivo ao fazer um amigo? O de ter alguém por quem possa morrer, a quem possa seguir no meu exílio, a quem possa proteger com a minha pessoa, a cuja salvação possa devotar os meus dias.
(Séneca, in O Sábio e a Amizade)

18 novembro 2008

Parabéns...!


Qual seria a sua idade se não soubesse quantos anos tem?
Cada um tem a idade do seu coração, da sua experiência, da sua fé.
Parabéns Pai!

17 novembro 2008

A Estupidez...!



Se a estupidez, com efeito vista por dentro, não se confundisse com o talento, se, vista por fora, não tivesse todas as aparências do progresso, do génio, da esperança, ninguém desejaria ser estúpido e não existiria a estupidez. Pelo menos seria muito fácil combatê-la. O pior é que ela tem qualquer coisa de extraordinariamente natural e convincente. Por isso, quanto alguém considera um cromo mais artístico do que um quadro a óleo, este juízo comporta uma parte de verdade muito mais simples de demonstrar que o génio de Van Gogh. Da mesma forma se torna muito mais fácil e rentável ser-se um dramaturgo muito mais poderoso do que Shakespeare, um romancista mais igual do que Goethe; um bom lugar-comum é sempre mais humano que uma nova descoberta. Não surge um único pensamento importante do qual a estupidez não saiba imediatamente aproveitar-se, ela pode mover-se em qualquer direcção e assumir todos os trajes da verdade.

A verdade, essa só tem um traje, um só caminho, por isso fica sempre de pior partido.
(Robert Musil, in O Homem sem Qualidades)

A Pintora...!

"Bibliothéque en Feu", 1974, óleo sobre tela 158 x 178 cm
Este fim-de-semana fui visitar a Exposição “Au fil du temps”, percurso fotobiografico de Maria Helena Vieira da Silva, patente no Museu Arpad Szenes - Vieira da Silva, que está instalado na antiga Real Fábrica de Tecidos de Seda do século XVIII (no Jardim das Amoreiras). O objectivo principal deste Museu é divulgar a obra destes dois pintores.
Foi muito bom entrar neste espaço, onde se respira boa arte, e onde se tem o silêncio e a paz necessária para se poder contemplar os trabalhos desta magnifica pintora. Foi um tempo bem passado, com partilha de sentimentos e desafios à nossa imaginação e critica artística.
Ao longo da vida, Maria Helena Vieira da Silva captou o interesse de um público numeroso, através de uma obra de referência muito diferente das que se encontravam no âmago criativo da época. É uma artista com uma pintura de múltiplos tons e leituras, uma expressão artística inesperada, intensa e harmoniosa.

15 novembro 2008

O Belo...!


Às vezes, em dias de luz perfeita e exacta,

Em que as coisas têm toda a realidade que podem ter,

Pergunto a mim próprio devagar

Porque sequer atribuo eu
Beleza às coisas.

Uma flor acaso tem beleza?

Tem beleza acaso um fruto?

Não: têm cor e forma
E existência apenas.

A beleza é o nome de qualquer coisa que não existe

Que eu dou às coisas em troca do agrado que me dão.

Não significa nada.

Então porque digo eu das coisas: são belas?

Sim, mesmo a mim, que vivo só de viver,

Invisíveis, vêm ter comigo as mentiras dos homens

Perante as coisas,

Perante as coisas que simplesmente existem.

Que difícil ser próprio e não ver senão o visível!

(Alberto Caeiro)

Preguiça...!


Ontem à noite houve jantar e concerto de Jazz fantástico.
E por isso hoje estou em modo de preguiça.

14 novembro 2008

Já....!




Já perdoei erros quase imperdoáveis,
tentei substituir pessoas insubstituíveise
esquecer pessoas inesquecíveis.
Já fiz coisas por impulso,
já me decepcionei com pessoas quando nunca pensei me decepcionar,
mas também decepcionei alguém.
Já abracei pra proteger,já dei risada quando não podia,fiz amigos eternos,amei e fui amado,mas também já fui rejeitado,fui amado e não amei.
Já gritei e pulei de tanta felicidade,já vivi de amor e fiz juras eternas,“quebrei a cara muitas vezes”!
Já chorei ouvindo música e vendo fotos,já liguei só para escutar uma voz,me apaixonei por um sorriso,já pensei que fosse morrer de tanta saudade
e tive medo de perder alguém especial (e acabei perdendo).
Mas vivi, e ainda vivo!
Não passo pela vida…E você também não deveria passar!Viva!
Bom mesmo é ir à luta com determinação,abraçar a vida com paixão,perder com classe
e vencer com ousadia,porque o mundo pertence a quem se atreve
e a vida é “muito” pra ser insignificante.

(Charlie Chaplin)

Fim de Tarde...!

SOMEWHERE OVER THE RAINBOW

Poesia...!


Há fases da vida em que aquilo que lemos é tão importante como aquilo que vivemos.
Os poetas são verdadeiros “adoradores do destino” e os seus poemas gritam e calam coisas que gostaríamos de saber dizer e, ao mesmo tempo, esconder. O papel do escritor poeta também é ajudar-nos a sermos quem somos.


“Existe em nós
um sentido especial para a poesia,
uma disposição poética.
A poesia é absolutamente pessoal,
e por isso indefinível.
Quem não souber nem sentir
de forma imediata
o que é a poesia,
nunca poderá aprendê-lo.
Poesia é poesia.
Diferente, como a noite do dia,
da arte da fala e da palavra.”

Novalis