30 dezembro 2008
O Retiro...!
O Natal tem destas coisas, recebi, entre outros, um livro precioso. Uma obra que estabelece bem a diferença entre os monges e nós: eles preferem a solidão e o silêncio. Nós escolhemos a solidão e o ruído. O Segredo da Cartuxa retrata a Cartuxa de Santa Maria Scala Coeli, único convento em Portugal da Ordem Cartusiana, fundada por São Bruno há mais de 900 anos. O livro retrata a vida do único mosteiro contemplativo masculino no país, no qual cada monge vive e trabalha sozinho na sua cela quase todo o tempo.
Mas há uma diferença entre nós e os doze homens que habitam o convento: por muita fé que se tenha, é preciso uma dedicação total para se deixar o mundo «lá fora» e aceitar que se está num convento para toda a vida. A vida de um monge cartuxo é austera, pratica-se a solidão, a Cartuxa edifica pelo silêncio. Apesar de poder parecer uma boa maneira de fugir do mundo e da vida, é um modo de existência que não se recomenda a todas as pessoas. A introversão muito forte acaba por ser inimiga da solidão. Para ser monge é necessário um equilíbrio psicológico muito forte, para conseguir suportar a austeridade e o silêncio. Quando questionados sobre as saudades do que deixaram para trás, respondem que o coração reclama dos seus ao princípio, mas contrapõem que as saudades passam e a recompensa é a permanente alegria espiritual em que vivem. Oração, trabalho e descanso são os três eixos fundamentais.
Também neste época natalicia, há pessoas que quiseram ter uma experiência de recolhimento e silêncio para que possam "ordenar a sua alma" e com isso ver que direcção deve tomar a sua vida.
Eu, na cidade, no meio de tanto "barulho" estou com elas em espírito e torcendo para que esta experiência seja marcante nas suas vidas.
29 dezembro 2008
O Museu...!
Em boa hora convidei um grupo de amigos e fomos visitar o remodelado Museu de São Roque.
O Museu de São Roque está instalado no espaço da antiga Casa Professa da Companhia de Jesus em Lisboa, edifício contíguo à Igreja de São Roque. Tendo em vista reforçar a ligação museu/igreja, procedeu-se à recuperação de elementos arquitectónicos da antiga Casa Professa de São Roque como o claustro e zonas de passagem entre os dois espaços.
A exposição permanente é grandiosa e de grande valor histórico e artístico.
28 dezembro 2008
A Confiança...!
27 dezembro 2008
26 dezembro 2008
Resolver...!
25 dezembro 2008
Ver o que se espera...!
"Cada um vê aquilo que espera. Parece estranha esta afirmação. Vemos o que esperamos! É assim. Se o que espero são desgraças, só vejo desgraças e tudo me parece já mal. Mas se o que espero (e sei que vem) é o Bem, tudo já são sinais desse bem. É isso que me purifica o olhar e me liberta de fantasmas. Quem sabe que o Bem vem, já vê o bem a vir. Vê com bons olhos, mesmo no meio do nevoeiro. "
(P. vasco Pinto Magalhães, in Não Há Soluções, Há Caminhos, ed. Tenacitas)
24 dezembro 2008
23 dezembro 2008
O Meu Desespero....
Eu sei que o meu desespero não interessa a ninguém.
Cada um tem o seu, pessoal e intransmissível:
com ele se entretém e se julga intangível.
Eu sei que a Humanidade é mais gente do que eu,
sei que o Mundo é maior do que o bairro onde habito,
que o respirar de um só, mesmo que seja o meu,
não pesa num total que tende para infinito.
Eu sei que as dimensões impiedosos da Vida ignoram todo o homem,
dissolvem-no, e, contudo,
nesta insignificância, gratuita e desvalida,
Universo sou eu, com nebulosas e tudo.
(António Gedeão)
Cada um tem o seu, pessoal e intransmissível:
com ele se entretém e se julga intangível.
Eu sei que a Humanidade é mais gente do que eu,
sei que o Mundo é maior do que o bairro onde habito,
que o respirar de um só, mesmo que seja o meu,
não pesa num total que tende para infinito.
Eu sei que as dimensões impiedosos da Vida ignoram todo o homem,
dissolvem-no, e, contudo,
nesta insignificância, gratuita e desvalida,
Universo sou eu, com nebulosas e tudo.
(António Gedeão)
19 dezembro 2008
A Escolha...!
Qual dos lugares escolho?
Um dia, um amigo que conhecia há pouco tempo, disse-me que eu tinha capacidade para encantar as pessoas, e isso colocava-me do lado de Deus, mas quando queria magoava as pessoas, e por isso também poderia sentar-me ao lado do Diabo. Fiquei a pensar, e disse que ninguém conseguia estar bem dos dois lados e que sempre que alguém quisesse, se fosse das pessoas que se sentam ao lado de Deus, nunca conseguiriam sentar-se ao lado do Diabo, pois as capacidades são totalmente opostas, e ninguém tem essa faceta. Então esse amigo disse-me para eu apenas testar, aguardar pela melhor ocasião, e esperar que o futuro me dissesse se ele tinha razão ou não.
Hoje eu digo, que foi das coisas mais acertadas que me disseram, sem me conhecer muito bem... Infelizmente tenho essa capacidade... e ultimamente tão depressa me sento de um lado, como logo a seguir me sento no outro, eu bem tento escolher o bem, mas neste momento não sei... Espero não magoar ninguém, isso é que espero, de resto, vamos ver em que lado fico...
17 dezembro 2008
16 dezembro 2008
15 dezembro 2008
Olhar para....!
Reservando ao pintor a tarefa tão pessoal e controlável de pintar os quadros, atribuímos ao espectador o papel vantajoso, cómodo de os acabar pela sua meditação ou pelo seu sonho.
No dia-a-dia tento ser uma pessoa disponível e cruzo-me com muitas pessoas, às quais tendencialmente não recuso colaboração ou ajuda conforme o caso e a gravidade do que se aborda! Muito menos aos meus verdadeiros amigos! Dou essa ajuda porque a outra pessoa precisa, porque penso que essa pessoa irá ficar melhor. Quem me conheçe sabe que sempre fiz tudo isto de uma maneira gratuita e despojada de qualquer ideal de compensação. No entanto, custa muito quando há momentos, que são raros, em que pedimos aos nossos amigos que nos acompanhem, que estejam ao nosso lado, que nos apoiem porque houve algo de extraordinário que se passou, e aquilo que recebemos é distanciamento, indisponibilidade, frieza e muita ingratidão.
Infelizmente começo a concluir que muitos dos problemas que as pessoas têm são criados pela falta de coragem para assumir aquilo que a vida lhes pede. Criam refúgio ficticios e alimentam estratégias assentes em caminhos que sabem que não são aqueles que lhe podem dar a paz e felicidade.
A força de vontade dos fracos chama-se teimosia e casmorrice
Espero que este quadro de Caravaggio que dá pelo nome de Narciso (1597 - 1599) obrigue certas pessoas a pensar como é tão injusto sermos tão "Umbiguistas".
11 dezembro 2008
O caminho que escolhes...!
Nâo tenho mais palavras.
Gastei-as a negar-te...(Só a negar-te eu pude combater
O terror de te ver
Em toda a parte.)
Fosse qual fosse o chão da caminhada,
Era certa a meu lado
A divina presença impertinentedo teu vulto calado
E paciente...
E lutei, como luta um solitário
Quando alguém lhe perturba a solidão.
Fechado num ouriço de recusas,
Soltei a voz, arma que tu não usas,
Sempre silencioso na agressão.
Mas o tempo moeu na sua mó
O joio amargo do que te dizia...Agora somos dois obstinados,
Mudos e malogrados,
Que apenas vão a par da teimosia
(Miguel Torga)
10 dezembro 2008
Três Coisas...!
09 dezembro 2008
A Diva...!
Excelente ideia teve uma amiga ao desafiar-me para irmos ver o filme da Amália, e porquê não levar a "minha diva" para que ela pudesse ouvir e ver um dos seus ídolos.
O Filme situa-nos no Portugal dos anos 40 do Século XX. E relata-nos a vida de uma jovem que tem uma relação muito dificil com a mãe, encontra no canto do fado a sua "fuga" para conseguir viver. Sem instrução escolar consegue aquilo que nenhuma escola, por mais que exercite, consegue formar: uma voz como a sua que, numa métrica de rigor inalterável, se elevava do chão, como um cântico ao sofrimento.
O amor ou desafecto poderão explicar o registo da sua vida. O que leva uma jovem fadista quase sem instrução a escolher cantar os grandes poetas da língua portuguesa como Camões, Bocage, David Mourão-Ferreira, Alexandre O'Neill, Ary dos Santos.
A relação precoce e visionária de Amália Rodrigues com a melhor poesia permanece um enigma. Poderá ter tido uma estranha forma de vida, mas foi um relevante factor aglutinador do povo português, que fez dela seu património, mesmo que no fim da vida, e depois do 25 de Abril, tivesse sofrido com as injustiça de alguns que quiseram que ela fosse denunciada como um simbolo do Estado Novo.
Gostei de ver como uma das figuras lendárias do fado e da cultura portuguesa do século passado, exprime essa forma melancólica e nostálgica que é a Saudade…
E como escreveu Camilo Castelo Branco "Só faz versos (ou canta - adaptado por mim)quem tem a alma cheia de saudades ou de esperanças"
Obrigado pelo convite!
06 dezembro 2008
Desejar...!
"Cada um deles faz por desejar ou fingir desejar a salvação própria, mas, acima de tudo, teme a salvação do outro. O silêncio é o que lhes resta, o que os une, uma finíssima película de tempo suspenso, para além do qual não há nada mais do que a escuridão dos abismos. E, por isso, nenhum deles ousa qualquer palavra, qualquer gesto, qualquer coisa que possa romper esse ténue fio que os prende à eternidade."
(Miguel Sousa Tavares em Não te Deixarei Morrer David Crocket)
05 dezembro 2008
Cansaço...!
O que há em mim é sobretudo cansaço
Não disto nem daquilo,
Nem sequer de tudo ou de nada:
Cansaço assim mesmo, ele mesmo,
Cansaço. A subtileza das sensações inúteis,
As paixões violentas por coisa nenhuma,
Os amores intensos por o suposto alguém.
Essas coisas todas –
Essas e o que faz falta nelas eternamente
Tudo isso faz um cansaço,
Este cansaço.
Há sem dúvida quem ame o infinito,
Há sem dúvida quem deseje o impossível,
Há sem dúvida quem não queira nada –
Três tipos de idealistas, e eu nenhum deles:
Porque eu amo infinitamente o finito,
Porque eu desejo impossivelmente o possível,
Porque eu quero tudo, ou um pouco mais, se puder ser,
Ou até se não puder ser...
(Álvaro de Campos in O que há em mim é sobretudo cansaço)
04 dezembro 2008
Compreender...!
03 dezembro 2008
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