29 junho 2008

Que Noite....!


Temos, todos que vivemos,

Uma vida que é vivida

E outra vida que é pensada,

E a única vida que temos

É essa que é dividida

Entre a verdadeira e a errada

(Fernando Pessoa)

Não há nada de mais horrível do que uma noite passada num hospital. As horas são infinitas. Churchill dizia que os anos passam num instante, o que custa a passar são os minutos.E é aí que aparece o desamparo. Não estou a falar de mim, pois estava bem acompanhado, estou a falar de uma maneira geral. Daqueles que vi em real sofrimento, com dores e agonia. É óbvio que senti alguma coisa de tudo isto. Sofri, senti medo e, ao mesmo tempo, toda esta experiência também me enriqueceu. Sai-se disto com mais amor pela vida e com a sensação de que é uma honra estar-se vivo. Deus queira que possa agora mais do que nunca partilhar esta vida com os outros e com aqueles que verdadeiramente gosto e precisam de mim.


É claro que tomei consciência da minha finitude, porque todos vivemos em função de eternidades. Pensei muito nos meus filhos, e naquela pessoa que adorava que estivesse estado ao meu lado.


O dificil não foi ver a morte à minha frente, se por ventura era a morte que esteve lá... foi vê-la dentro de mim. Parecia que tinha entrado dentro de mim. Pensei "Já está cá", chegou a minha vez.


Confesso que afinal me pareceu mais fácil do que se pensa, não requer coragem, apenas dignidade e elegância.... Mas se calhar digo isso porque afinal não tinha chegado a minha hora!


Não tenho medo da morte, mas sei que vou ter muitas saudades da vida!

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