Durante este três primeiros dias do ano, andei a fazer um balanço de 2008. Provavelmente foram os 365 dias mais complicados, difíceis, duros, angustiante da minha vida. Por vezes ia aparecendo um raio de esperança, de alegria, de sonho e projecto mas que infelizmente pouco durava, voltando novamente a sentir injustiça e ingratidão.
No decorrer desse tempo dizia muitas vezes que queria rapidamente saltar para 2009, pois imaginava que por essa altura teria muita coisa da minha vida arrumada, decidida e principalmente estaria a começar a viver tempos de paz e de verdadeira felicidade.
Infelizmente, e como é normal quando se sonha, não aconteceu aquilo que desejava!
Mas para não sofrer mais deixo o pessimismo para trás, e de repente começo a sentir a sensação de que o mundo que me rodeia tem mais uma hipótese de fazer melhor. De fazer diferente, de recomeçar. Acreditando numa vida melhor, em novas oportunidades, ainda mais coisas boas e um ano inteiro pela frente, para colorir os dias, para viver intensamente, para realizar todos os sonhos, até aqueles que andam arquivados nas gavetas secretas dos nossos corações. Chega mais um ano e assumo a coragem de continuar, assumo a vontade de viver, de amar, de buscar intensamente a felicidade e de ultrapassar qualquer que seja o obstáculo... Na verdade, chega uma nova oportunidade para começar de novo.
Sei que para a frente haverá dias assim e dias assado, coisas fáceis e difíceis, momentos para guardar e momentos para esquecer, e a sucessão de dias, semanas e meses que hoje se anunciou como sendo o novo caminho que passo a percorrer será o que sempre foi: mais uma oportunidade de crescer com o que a vida traz, tentando fazer mais e melhor!
Não contava que o fizesse nos moldes que vou ser obrigado a fazer. Mas desta vez vai ser diferente, não vou fazer este caminho na solidão e no silêncio, vou estar ao lado de gente nova, amiga, simples, desafiadora, interessante e que gostam e pedem a minha companhia.
"Só é digno da liberdade, como da vida, aquele que se empenha em conquistá-la" (Goethe)
3 comentários:
É assim mesmo! Abrace o 2009 com toda a sua força, que é muita e bonita, e deixe de querer saltar sempre para o ano a seguir.
Tenho um mestre que me ensinou a olhar para todas as cores que o mundo tem. E que cada dia vale a pena viver com os olhos bem abertos. Não deixe passar nenhum! A preto e branco também se fazem coisas muito bonitas....
Desde já Lhe desejo um Excelente 2009.
A vida é o que é, e não pode ser mais do que isso!
Vamos pela vida intercalando épocas de entusiasmo com épocas de desilusão.A verdade é que não temos razões para nos deixarmos levar demasiado por entusiasmos, pois já devíamos ter aprendido que nunca podem ser duradouros.
Quando desejamos muito uma coisa, batemo-nos por ela com todas as forças. Mas quando, finalmente, obtemos o que tanto desejávamos, passamos por duas fases desconcertantes. A primeira é um medo terrível de perder o que conquistámos: porque conhecemos o que aconteceu anteriormente a outras pessoas em situações semelhantes à nossa; porque existe a morte, a doença, o roubo...
A segunda fase chega com o tempo e não costuma demorar muito: sucede que aquilo que obtivemos perde - lentamente ou de um dia para o outro - o encanto.
E é nesse momento que chega a desilusão, com todo o seu cortejo de possíveis consequências desagradáveis: podem passar-nos pela cabeça coisas como mudarmos de profissão, mudarmos de clube, trocarmos de automóvel ou de casa, divorciarmo-nos... E, então, surge o desejo de partir atrás de outro entusiasmo: queremos voltar a amar...etc etc
Se nos desiludimos, a culpa não está nas coisas nem está nas outras pessoas. Se nos desiludimos, a culpa é nossa: porque nos deixámos iludir; porque nos deixámos levar por uma ilusão. Uma ilusão - há quem ganhe a vida a fazer ilusionismo - consiste em vestir com uma roupagem excessiva e falsa a realidade, de modo a distorcê-la ou a fazê-la parecer mais do que aquilo que é.
Quando nos desiludimos não estamos a ser justos nem com as pessoas nem com as coisas.
Nenhuma pessoa, nenhuma das coisas com que lidamos pode satisfazer plenamente o nosso desejo de bem, de felicidade, de beleza. Em primeiro lugar porque não são perfeitas (só a ilusão pode, temporariamente, fazer-nos ver nelas a perfeição). Depois, porque não são incorruptíveis nem eternas: apodrecem, gastam-se, engelham-se, engordam, quebram-se, ganham rugas... terminam.
Aquilo que procuramos - faz parte da nossa estrutura, não o podemos evitar - é perfeito e não tem fim. E não nos contentamos com menos de que isso. É por essa razão que nos desiludimos e que de novo nos iludimos: andamos à procura...
Acabei o ano a deitar fora os "restos mortais " das minhas flores da varanda. Mas guardei os vasos... Não quero acreditar que não consiga manter uma flor verde e florida, mais tempo do que os dias em que foi comprada. A árvore pequenina que comprei ameaça também deixar-me, mas eu acredito que tenho muito para lhe dar, por isso mudei-a de vaso, pus terra nova, podei-a e fiz um horário de rega. E tenho percrutado nela uma resposta ao meu carinho e esperança.
Sim, concordo absolutamente com Goethe, mas é com humildade que acrescento, que é só digno de ser feliz aquele que com verdade e amor procura a Felicidade. Aos outros, sem verdade e sem amor, apenas lhes desejo a satisfação dos momentos e a consciência plena dessa fugacidade.E
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