26 novembro 2006

Esperar....


Ao longo da muralha que habitamos
Há palavras de vida há palavras de morte
Há palavras imensas,que esperam por nós
E outras frágeis,que deixaram de esperar
Há palavras acesas como barcos
E há palavras homens,palavras que guardam
O seu segredo e a sua posição

Entre nós e as palavras,surdamente,
As mãos e as paredes de Elsenor

E há palavras e nocturnas palavras gemidos
Palavras que nos sobem ilegíveis À boca
Palavras diamantes palavras nunca escritas
Palavras impossíveis de escrever
Por não termos connosco cordas de violinos
Nem todo o sangue do mundo nem todo o amplexo do ar
E os braços dos amantes escrevem muito alto
Muito além da azul onde oxidados morrem
Palavras maternais só sombra só soluço
Só espasmos só amor só solidão desfeita

Entre nós e as palavras, os emparedados
E entre nós e as palavras, o nosso dever falar.

(Mário Cesariny)


"Esperei muito...! Amanhã quero que seja diferente

1 comentário:

Anónimo disse...

Pois é...não devemos remar contra-maré! Não devemos ir contra-natura. Só nos vamos arrepender na vida daquilo que poderiamos ter feito ou dito e não fizemos nem dissemos! Até lá...haverá sempre o beneficio da dúvida...o caso mal resolvido e inacabado...Não - pode ser o momento e pode ser para sempre, por ser só racional! Que na vida não arrependamos por termos sido somente racionais! Contra-natura é reprimir! E que disso nunca nos arrependamos...que tudo tenha feito sentido quando olharmos um dia para trás e tenhamos tido a coragem de dizer não, por muito que isso nos tivesse custado....e que afinal o Balanço foi positivo...