19 março 2006

O Relativismo...



O relativismo tem uma raiz histórica e filosófica muito forte. Ele encontra raízes profundas em Nietzsche, na ideia demolidora de que a tolerância significa que qualquer ponto de vista, qualquer opinião, é igual, em valor, à dos seus contrários. Este é um conceito totalmente errado da tolerância, que levou a uma escalada da relativização.

Vivemos num mundo onde se quer crer que tudo tem de ser nivelado, onde os pontos de vista de cada um são necessariamente iguais, têm o mesmo valor, dos de todos os outros seres vivos. Ninguém tem o direito de lutar pelos seus valores, nem deverá afirmar com determinação as suas convicções, sob o grave risco de ser rotulado de intolerante.

Este era, em suma, o velho sonho de Nietzsche que assentava, em essência, numa filosofia de rejeição da moral cristã e da racionalidade socrática. Nietzsche propunha, em alternativa, um novo poder, isto é, uma ordem totalmente relativa, em que as regras da convivência passassem a ser dominadas por aquilo a que ele chamava as forças do capricho. Estas forças acabam por se subsumir no quadro das regras do mais forte e, assim sendo, é o mais forte que exerce dominação sobre o género humano.

Contra esta suspeição dos valores que se instalou na nossa sociedade, é preciso afirmar uma vontade legítima de dialogar na base da afirmação clara e corajosa das diferenças. Assim, o projecto educativo católico é, sem margens para dúvidas, um projecto aberto ao mundo, ao diálogo intercultural, que aceita a diversidade e toma-a como um grande mistério da criação; mas é, do mesmo modo, um projecto que não tem medo de afirmar valores, sem os querer impor pela força bruta. Afirmar aquilo que entende ser verdade, e ser certo.

Se todos se abstiverem de afirmar o que está certo, passaremos a viver num mundo prisioneiro da total relatividade, o qual é, no limite, ingovernável, mesmo caótico, já que intentaria funcionar na ausência de quaisquer códigos de conduta aceites pela generalidade da comunidade.